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Revista / TRAJETÓRIA

Sérgio Reis festeja 65 anos de carreira e narra jornada musical: 'Sou um meninão'

Em entrevista exclusiva à Revista CARAS, Sérgio Reis e Ângela Marcia abrem as portas de seu refúgio e falam da relação de mais de 20 anos

por Tamara Gaspar

tgaspar@caras.com.br

Publicado em 03/05/2024, às 11h00

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Sérgio Reis ao lado de Ângela Marcia em sua casa, em Igaratá, interior de SP - Fotos: Samuel Chaves
Sérgio Reis ao lado de Ângela Marcia em sua casa, em Igaratá, interior de SP - Fotos: Samuel Chaves

Ao fazer um balanço de vida, Sérgio Reis (83) não esconde o orgulho: o saldo é para lá de positivo. Com 65 anos de carreira e muitas aventuras para contar, o cantor se consagrou como uma das vozes mais populares do Brasil e segue encantando gerações com suas ‘modas de viola’. “Não imaginava chegar tão longe! As coisas vão acontecendo, a gente conquista espaço, vai dando sorte de fazer algum sucesso. O principal é a continuidade. Essa continuidade é muito difícil. Tudo isso com a ajuda de Deus, dos amigos, daqueles que gostam da gente, não tem muito segredo!”, explica ele, que abriu as portas de seu refúgio, em Igaratá, no interior de SP, com exclusividade para CARAS.

Gigante no tamanho — ele tem 1,90 m — e no que faz, o cantor pode até não ter um segredo, mas conta com ajuda de uma característica que lhe é nata: a jovialidade. “Sou um meninão! Ângela pergunta como posso acordar rindo, cantando. Não tem tristeza, não tem estresse. Sou feliz com minha vida particular, meus filhos, netos, amigos, carreira, não tenho que reclamar de nada. Tenho é que ser feliz, não é verdade?”, diz ele, que dá valor às pequenas coisas da vida, como uma boa prosa e um café! Parceira há mais de 20 anos, a cantora Ângela Marcia (69), que é backing vocal de Sérgio, confirma o espírito jovem e apaixonado do músico. “Todo dia ele pergunta: ‘Já disse que te amo hoje?’ Todos os dias, realmente, ele se mostra um eterno apaixonado”, diz a cantora, prontamente interrompida por Sérgio, que dispara: “Eu te amo”.

– O que mudou no Sérgio ao longo desses 65 anos?

Sérgio – Eu cantava na Jovem Guarda, de repente me vi envolvido com o Menino da Porteira! Tony Campello falou: “Põe o chapéu na cabeça, vamos fazer isso aí que é bom”. Segui seus conselhos, virei até fazendeiro e quis aprender tudo sobre as músicas.

– As novas gerações abraçaram a música sertaneja!

Sérgio – A nova geração é muito talentosa. Você pega o Mayck e Lyan, eles deixam a viola pequenininha! As novas gerações gostaram da música e hoje é uma realidade. Todos aqueles estudantes que saíam de suas casas, de sua terra, para estudar fora, porque não tinham faculdade, levavam a cultura deles. Então, não se iluda! Quando você faz um show num lugar que só tem faculdade, é toda a caipirada lá. Os caipiras estão todos lá, matando saudade de casa!

– Ao longo dos anos, qual a situação mais inusitada que passou?

Sérgio – Saí de Goiás para a Bahia de madrugada, em um monomotor. Tinha tomado um café da manhã muito pesado, me deu dor de barriga e precisamos descer o avião. Pegamos uma chuva forte e ficamos procurando uma pista de pouso para descer. Quando pulei do avião, me sujei todo, não deu para segurar! Foi uma loucura! Aí tirei tênis, tirei calça, tirei tudo, joguei tudo fora. Lavei o tênis na asa do avisão, me lavei na asa do avião... Nisso, veio um cara, um taxista, e perguntou se a gente precisava de carona para a cidade. Meu músico falou que tinha um cantor ‘cagão’ ali. Eu fiquei atrás de uma moita. Quando o motorista viu que eu era o Sérgio Reis, falou que era meu fã e queria me conhecer, mas que nunca imaginou me conhecer cagando atrás da moita! Foi inusitado!

– Além de cantar, você também atuou em novelas, como Paraíso, Pantanal e O Rei do Gado. Tem vontade de voltar para a TV?

Sérgio – Se precisar de mim para fazer parte de uma novela, até faço. Não teria coragem de fazer uma novela inteira, ficar um ano fora de casa, é muito difícil, é trabalhoso. Mas não me negaria, porque se precisarem da minha imagem, eu estou às ordens.

– Você também enveredou pela política e foi deputado federal. Se arrepende de algo?

Sérgio – Nunca me arrependi de entrar na política, foi uma experiência boa, para a gente saber como é a coisa do outro lado, então, já sei analisar melhor o político, já sei analisar melhor as leis, isso foi importante para mim.

– De onde vem sua vitalidade?

Sérgio – Tenho essa vitalidade porque faço o meu trabalho com amor. E não quero trair o público que me acompanha há 65 anos. Vou aposentar e não cantar mais? Não é assim! A gente precisa alegrar o povo e vou até onde der, até quando tiver força para cantar.

– Nos últimos tempos, você precisou ser internado algumas vezes. Como está a saúde?

Sérgio – Está equilibrada. Eu me cuido, sou diabético, mas a Ângela me protege, me fiscaliza. Às vezes, esqueço de tomar a insulina, mas de qualquer forma estou trabalhando, estou bem, graças a Deus. Agradeço a Deus chegar à idade que estou, ainda na ativa, então estou bem, não estou ruim, não!

– Ele seguia à risca as recomendações médicas?

Ângela – Não, ele sempre foi muito rebelde quanto a isso. Eu chamo a atenção, ele não gosta, mas no fim ele reconhece que estou certa e, graças a Deus, faz aquilo que eu peço!

– E o que mais admira nele?

Ângela – A bondade, sem dúvida! Ele é um homem bom, carinhoso, atencioso com todos, é preocupado comigo, com os filhos dele, com os meus filhos, com os netos, ele é um amor de pessoa.

– Tem segredo a relação?

Sérgio – Existe admiração e respeito, isso é o principal. O homem que não respeita sua mulher, é melhor nem pensar em casar.

Ângela – Tem amor, respeito e admiração. Carinho e cuidado um com o outro, sentimentos nobres.

– Em casa, você gostam de cantar ‘modas de viola’?

Ângela – A gente canta o dia inteiro. É gostoso cantar com ele. E ele adora vocal, aliás, é um dos poucos solistas que conheço que sabe fazer uma terça e uma quinta. Ele é um excelente vocalista e um cantor de muito sucesso. 

Fotos: Samuel Chaves